As lutas do Coronel - Denunciando a falta de recursos

JORNAL FOLHA DA MANHÃ

Campos dos Goitacases, (RJ) }Quarta-feira, 14 de Agosto de 1996.

DENÚNCIA

PMs usam fichas

de orelhão para

se comunicar

Para pedir reforço de urgência em casos de troca de tiros com bandidos, ou para tomar conhecimento de ocorrências locais, os policiais militares estão buscando o recurso dos orelhões porque as viaturas em que trabalham não dispõem de equipamentos de rádio-comunicação.

A denúncia foi feita ontem pelo diretor de relações públicas do Clube dos Oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros, Coronel Almir Porto, ao criticar “a situação vulnerável que o governo do Estado coloca o policial no seu cumprimento do dever”. Segundo ele, somente esse ano, 17 policiais já morreram pela ineficiência da secretaria de Segurança na luta contra o crime.

Insegurança – O coronel Porto explicou que as viaturas novas adquiridas pelo governador Marcello Alencar não chegaram equipadas com o sistema de rádio-comunicação, “o que já caracteriza um fato estranho de incompetência administrativa”. Para solucionar o problema, a secretaria de Segurança mandou que fossem retirados os rádios das antigas viaturas para equipar a nova frota de carros.

- Com isso – ironizou o oficial – estão descobrindo um santo para cobrir outro e quem fica vulnerável, como sempre, são os policiais militares de serviço, que têm de se valer de telefones públicos para informar o local aonde se encontram, para saber das ocorrências e até, numa emergência, para pedir reforço em casos mais graves.

O diretor do Clube dos Oficiais lembrou ainda que o secretário de Segurança Pública, general Nilton Cerqueira, determinou que os policiais militares ficassem obrigados a manter ligado o giroscópio (sinal luminoso que pisca sobre os veículos) em qualquer tipo de operação. O coronel Porto entende que a decisão transforma os militares “em alvo fácil para os marginais”. E finaliza: “porque o secretário não coloca um giroscópio em seu carro para marcar sua presença nas ruas?”.