terça-feira, 1 de junho de 2010

Da infância difícil, aos dias de hoje

O garoto, Almir Porto de Oliveira, nascido em Campos dos Goytacazes, em 20 de junho de 1939, não teria uma infância fácil, pois ao atingir a idade de cinco anos, perdeu sua mãe, Myrtes Gonçalves de Oliveira, justamente no momento em que qualquer criança passa a conhecer melhor os seus pais.
Mesmo assim, seu pai, Alair Porto de Oliveira, tentou dar-lhe a devida educação. Ao atingir o curso ginasial e vendo as dificuldades em casa, Almir resolveu largar o colégio para trabalhar e ter seu próprio dinheiro. Trabalhou inicialmente na Cerâmica Xavier, na Baixada Campista, por quatro meses. Ali, trabalhava dia após dia, em oito horas de um trabalho árduo e pesado carregando barro para confeccionar telhas e tijolos.
Quatro meses depois, largou a Cerâmica Xavier, e foi para o Farol de São Tomé, trabalhar como pescador. Não possuía barco próprio, trabalhava em barco de outros, e naquela época os barcos faziam arrastão no mar.Ao atingir a idade de 16 anos, Almir saiu do mar, e foi para a Usina de Outeiro, trabalhar como cortador de cana. Como bóia-fria, teve que conviver com diversas dificuldades, uma delas era a alimentação pois para almoçar comia-a fria, e muitas vezes o feijão azedava na própria marmita, e mesmo assim, comeu por muitas vezes. Ás vezes, quando não tinha o que comer, e já estava enjoado de comer feijão azedo, tentava saciar sua fome chupando cana queimada.O transporte não era como hoje, em um ônibus de janelas fechadas, dando um pouco mais de conforto para os cortadores de cana, era na boléia de um caminhão, sob o sol e a chuva, num frio intenso. Até que um dia, resolveu ser alguma coisa na vida, melhor do que os sacrifícios de um cortador de cana, indo trabalhar no interior da Usina na condição de auxiliar de analista.Em 1958, foi para o Rio de Janeiro servir ao Exército. Foi nessa época, que ele teve mais um dissabor, a morte de seu pai. Mesmo morando na Vila Cruzeiro, bairro da Penha, com uma tia e algumas primas, ele viu a coisa piorar. O bairro era desprovido de serviços essenciais. E quando a saudade de sua terra batia, ele não fazia por menos e ia para a Rodoviária de Niterói, para ver se nos ônibus que chegavam de Campos encontrava algum conhecido para matar as saudades.Após sair do Exército, Almir conseguiu uma vaga na Guarda Municipal em Niterói, até que por indicação conseguiu uma vaga no Corpo de Bombeiros (hoje 3º GBM), que naquela época também administrava esse serviço na cidade. Ali, no quartel, trabalhou por três meses. Desse período, Almir ainda se lembra com saudade, pelas lições que a vida militar lhe proporcionou e as quais coloca em prática até os dias de hoje.

O sonho de conseguir uma estabilidade na vida, só foi conseguida no dia 2 de fevereiro de 1960, quando conseguiu finalmente ingressar na Polícia Militar do antigo Estado do Rio de Janeiro, através de um concurso público, sete meses depois, no dia 13 de setembro do mesmo ano, conseguia sua primeira promoção à Cabo PM. Pouco mais de um ano depois, em 9 de outubro de 1961, foi promovido ao posto de 3º Sargento. Em 20 de março de 1964, portanto, onze dias antes da Revolução, o 3º Sargento, conseguia sua promoção para 2º Sargento. Oito anos depois, em 11 de agosto de 1972, Almir alcançava o posto de 1º Sargento. Um ano depois, em 11 de agosto de 1973, ele chegava finalmente ao posto de Sub-Tenente.
Paralelamente a esse feito, o 2º Sargento da PMRJ, Almir Porto, passou a cursar o C. A. S. e entrou na Justiça para requerer o seu direito de ser promovido de praça à “Oficial” da PM. A Justiça levou 15 anos para julgar o mérito da questão, e em 1987, reconheceu o seu direito, garantindo-lhe as promoções subseqüentes, com o retroagimento de datas.
Desse modo, ele conseguiu as promoções de 2º Tenente em 25 de dezembro de 1973; 1º Tenente, em 25 de dezembro de 1975; Capitão, em 25 de dezembro de 1978; Major, em 25 de dezembro de 1982; e, finalmente a de Tenente-Coronel, em 17 de agosto de 1987.
Por outro lado, com o objetivo de ganhar mais algum dinheiro, ele lecionava geografia do Estado do Rio, no curso Miguel Couto, em Madureira. Aliás, nessa função como “professor tapa-buraco”, trabalhou por cerca de quatro anos, não tendo vínculo nenhum com o colégio.
Durante o tempo em que brigava na Justiça, o Sargento Porto, nunca desistiu de aprimorar seus conhecimentos, e fez o Curso de Telecomunicações reconhecido pelo DENTEL, e posteriormente, fez o curso de Direito, na S.U.A.M., em Bonsucesso, no Rio de Janeiro.
Mas como não atuava ele solicitou seu desligamento da OAB até porque possuía outros afazeres.
Com mais de trinta e cinco anos de efetivo serviço prestado à corporação militar, o Coronel Almir Porto, foi agraciado com inúmeros prêmios, conferido pelos seus Bons Serviços Prestados, aos 10, 20 e 30 anos de Corporação, esta última, apesar do direito adquirido em 1992, somente conseguiu recebe-la no comando da PMERJ, do Coronel PM Wilton Ribeiro. Recebeu também o prêmio de “Lealdade e Constância”, ofertada pelo PMERJ. Mas, o prêmio que ele guarda com maior carinho, foi conferido a ele em 1987, pelo ex-deputado Aluízio de Castro, e pelo ex-presidente da ALERJ e atual senador Sérgio Cabral, a Medalha Tiradentes, recebida naquela Casa de Leis.
Alguns municípios de nossa região, também o agraciaram com títulos de cidadão, como Itaperuna, São Fidélis, Cardoso Moreira, Italva, Laje do Muriaé e São José de Ubá. Aqui em Campos, o Coronel Almir Porto, recebeu alguns prêmios como Destaque em 1995, por ter sido o “Melhor Policial”, em um prêmio concedido pelo Jornal “Transando pela Cidade”, como “Gente Muito Importante”, em 2000 e 2001, além das Comendas do Mérito Municipal de Cardoso Moreira e de Italva, e, a Ordem do Mérito Benta Pereira, nesta cidade.
Desde 1991, o Coronel Porto, vem lutando para conquistar melhores condições de vida e de salário para os praças da corporação, pois como ele mesmo disse, “na PM, o direito dos praças, é o direito de não ter direito”.
Além disso, como os praças não podem reivindicar nada, ele que já passou por tantas humilhações, sabe como é difícil a vida de quem ganha pouco, e é tratado com desdém por determinados oficiais da corporação. Hoje, ele faz exatamente aquilo que nunca fizeram por ele, lutar, lutar e lutar, para que os praças tenham dias melhores.
A Policlínica inaugurada recentemente pela Governadora Rosinha Garotinho, é considerada uma vitória, pois em 1996 ele deu o pontapé inicial e reclamou junto ao secretário e governador na época a necessidade dos PMs e BMs terem aqui em Campos um hospital à altura das suas aspirações, para que eles não fossem tratados como indigentes nos hospitais públicos municipais. Apesar de ter visto tanta coisa, o Coronel Almir Porto ainda não existe, e não descansará enquanto não ver os anseios de todos os PMs, BMs, atendidos.

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